como funciona e o que pode ou não comer

Criada há mais de 20 anos, a dieta do tipo sanguíneo sugere que as características do sangue influenciam no metabolismo de determinados alimentos. Assim, cada tipo tem um cardápio específico para ter mais saúde, reduzir o risco de doenças cardiovasculares e perder até 6 kg em um mês.

Imagem: Arte/UOL

A teoria é boa, mas não se sustenta na prática. “Falta comprovação científica sobre sua real eficácia”, comenta Valeria Arruda Machado, Diretora Científica do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.

A perda de peso acontece no final das contas, mas devido aos alimentos consumidos. “As quatro modalidades se baseiam em aumento do consumo de frutas e vegetais e sugerem que alimentos processados sejam evitados, o que leva a perda de peso”, considera o nutrólogo Guilherme Giorelli, jurado do Ranking das Dietas do VivaBem e diretor do SMEERJ (Sociedade de Medicina Esportiva e do Exercicio do Rio de Janeiro). Por isso o método ficou em 21º lugar entre as 26 dietas avaliadas no Ranking 2020.

Veja a seguir mais sobre a dieta:

O que é a dieta do tipo sanguíneo

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Em 1996, o médico norte-americano Peter D’Adamo publicou o livro “Eat Right for your type” (Coma certo para seu tipo, em tradução livre, vendido no Brasil como A Dieta do Seu Tipo Sanguíneo). O autor teoriza que os hábitos alimentares dos nossos antepassados colaboraram para definir o tipo sanguíneo de cada um.

Antes de falar sobre os perfis, vale um parênteses para explicar o que é o tipo sanguíneo. O que o determina é uma proteína chamada de antígeno, presente na superfície da hemácia, um dos tipos de célula que compõe o sangue.

Para D’Adamo, além de influenciar na transfusão sanguínea, estes tipos alterariam a maneira como o corpo metaboliza alguns nutrientes, determinando assim o que deve entrar ou sair do prato. É uma hipótese estudada há tempos, mas ainda não demonstrada em estudos. Cada grupo tem alimentos positivos, que evitam e curam doenças; nocivos, que agravam condições de saúde; e neutros.

Como a dieta do tipo sanguíneo funciona

Cada tipo tem seu livro e um cardápio bem específico a ser seguido, com uma lista extensa de alimentos que acaba restringindo bastante a variedade da dieta. Em linhas gerais, desta maneira:

  • Sangue tipo A – Perfil agrícola: Sem proteína de origem animal, à base de frutas, vegetais e leguminosas.
  • Sangue tipo B – Perfil nômade: Deve evitar trigo, milho, tomate, lentilha, e aumentar o consumo de laticínios e ovos.
  • Sangue tipo O – Perfil caçador: Dieta rica em proteínas e limitada em grãos e laticínios.
  • Sangue tipo AB – Perfil enigma: é uma mistura do grupo A e B. Evitar cafeína e álcool. Aumentar a ingestão de laticínios, grãos e frutos do mar.

Todos os tipos devem evitar ou reduzir o consumo de leite (exceto o grupo B), cebola, tomate, laranja, batata e carne vermelha.

A dieta realmente emagrece?

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Ela pode sim emagrecer, mas por conta da diminuição dos ultraprocessados e do alto consumo de frutas, legumes e verduras.
Em 2018, pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, publicaram um estudo feito com quase mil indivíduos sobre o assunto. Os voluntários seguiram a dieta do seu tipo, enquanto outro grupo aderiu à dieta Dash, criada para reduzir a hipertensão.

No fim das contas, todos que adotaram a alimentação balanceada proposta pelos planos perderam peso. Para o autor principal, Ahmed El-Sohemy, chefe do Departamento de Ciência da Nutrição da Universidade, “a maneira de um indivíduo reagir a qualquer uma das dietas não tem qualquer relação com o seu tipo de sangue, mas sim com a sua capacidade de manter uma alimentação equilibrada”.
Os achados foram publicados no periódico Journal of Nutrition, da Sociedade Americana de Nutrição.

Ela é segura?

Até é, mas os especialistas apontam para o risco da exclusão por conta própria dos alimentos, sem buscar substitutos que reponham os nutrientes. Isso pode levar a carências nutricionais e trazer prejuízos para a saúde, como no caso da vitamina B12, encontrada somente em carnes e outros produtos de origem animal.

Fora que cebola, tomate e laranja são ricos em substâncias antioxidantes, vitaminas e minerais importantes para o organismo. Ou seja, não há necessidade de excluí-los do cardápio, exceto que você tenha uma condição de saúde muito específica – neste caso, melhor consultar o médico.

Vale a pena fazer?

A dieta pode levar a uma melhora da saúde e da composição corporal, como consequência da adoção de um cardápio mais rico em vegetais. Portanto, tudo bem se você quiser segui-la. Só fique atento ao lado negativo de ficar preso a um cardápio e refém de uma lista pra escolher o que comer.

Além da questão da deficiência de nutrientes em si, há o risco de sofrer de ansiedade e outros fatores psicológicos que ocorrem por qualquer restrição alimentar, uma prática pouco saudável e sustentável.

Fontes: Ingrid Pereira Maria, nutricionista, especialista em Nutrição Clínica pelo Ganep Educação; Valeria Arruda Machado, Diretora Científica do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, coordenadora do ambulatório de nutrição do setor de lípides, aterosclerose e Biologia Vascular da Disciplina de Cardiologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Reportagem: Chloé Pinheiro

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