Detox não é para atletas: nutricionista esclarece mitos sobre a dieta da moda – eu atleta

Quase sempre é o mesmo caminho. Uma dieta surge com um propósito específico, cai no gosto de algumas pessoas, na maioria das vezes desinformadas, e vira moda.
Com o detox não foi diferente. O método surgiu para auxiliar pessoas com alergias e/ou intolerância a certos alimentos, mas logo ganhou fama como uma dieta que limpa o organismo e emagrece.

Detox proíbe ingestão de carnes (Foto:GettyImages)

No exterior, a procura pela dieta é tamanha que ela saiu dos pratos para as prateleiras. Pílulas, chás e saches para misturar na água já estão disponíveis para auxiliar no processo detox. Mas até onde todos esses artifícios são realmente funcionais? Quando essa dieta é indicada? Atletas devem investir nela?

A resposta depende dos objetivos individuais. Segundo a nutricionista Cristiane Perroni, se a intensão é emagrecer, certamente este não é o caminho certo. Como o próprio nome já diz, o detox foi criado para limpar organismos que foram intoxicados.

– Essa dieta é muito disseminada na mídia para a perda de peso, sendo indicada como uma dieta hipocalórica e para redução de retenção hídrica, mas este com certeza não é o objetivo original. Essa é uma dieta normocalórica, ou seja, de manutenção de peso – explica Cristiane.

A dieta desintoxicante geralmente tem a duração de uma semana e proíbe o consumo de carnes (peixe, aves, frango, porco, boi), ovos, leite e derivados, trigo (pães, massas), açúcar, adoçante, cafeína, alimentos industrializados e processados, e bebidas alcoólicas. Neste período é permitido o consumo de água, frutas, verduras, legumes, leguminosas (feijões, lentilha, grão de bico, ervilha), oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas), grãos e sementes. É somente após uma semana que os alimentos começam a serem reintroduzidos gradativamente.

– Não acredito nessa dieta como tratamento do controle de peso, pois grandes restrições causam monotonia alimentar e o risco de compulsão como efeito rebote se torna maior. Além disso, não acho adequado restringir grupos de alimentos, como proibir carnes e produtos lácteos, pois haverá redução na ingestão de excelente fontes de proteínas, ferro e cálcio. Só vejo indicação mesmo nos casos de alergia ou intolerância alimentar – contesta Cristiane.

Alimentos geralmente tóxicos para pessoas alérgicas: lactose, glúten, clara do ovo, amendoim.

Pela promessa de limpar os órgãos relacionados com a parte de digestão, absorção e metabolização de nutrientes (fígado, estômago e intestino), o detox tem sido feito após excessos alimentares e de bebidas alcoólicas, como os comuns abusos que acompanham os feriados prolongados. E apesar de parecer lógico, Cristiane ressalta a falta de comprovação científica de que o corpo precise periodicamente de algum esquema de desintoxicação. Segundo a nutricionista o ideal é a velha receita de manter o equilíbrio.

– É preciso reaprender a comer de forma saudável, englobando todos os grupos alimentares. Uma dieta colorida e variada, respeitando a quantidade adequada e evitando frituras, sal e alimentos industrializados e processados, deve manter o organismo limpo e em bom funcionamento – aconselha Cristiane.

Quando o organismo não absorve e/ou digere bem os nutrientes geralmente é por causa de uma grande ingestão de alimentos industrializados e do baixo consumo de alimentos in natura. Para melhorar a digestão, Cristiane indica mudar os hábitos e mastigar bem os alimentos.

– Além de digestão de alimentos, o intestino é responsável pela absorção de nutrientes e para que a absorção aconteça adequadamente ele precisa que as “vilosidades intestinais” estejam íntegras. Para manter o intestino íntegro devemos ingerir alimentos probióticos e prebióticos – indica.

Toxinas mais consumidas: gorduras, principalmente saturadas e trans, açúcares, corantes, conservantes, álcool.

Uma alimentação balanceada dispensa a dieta e, principalmente os produtos tão disseminados no exterior. Nem mesmo os suplementos multivitamínicos são necessários quando a alimentação é equilibrada. Já no caso de atletas, que gastam muita energia, se desgastam mais e, por isso, consomem ainda mais suplementos, o mito de que o detox pode ser um preparatório para o corpo absorver melhor os nutrientes também não se sustenta. Além da falta de comprovação científica, a redução no consumo de proteínas e carboidratos é inimiga de qualquer pessoa que pratique exercícios físicos.

homem comendo maça eu atleta (Foto: Getty Images)Maça é aliada no detox (Foto: Getty Images)

– Retirar proteína do planejamento alimentar não trará benefícios. As proteínas são fundamentais para reparação tecidual, a recuperação muscular, o ganho de massa, construção de tecidos. E a dieta detox retira carnes, leite, iogurte e queijos. Além disso, atletas precisam de energia, e a energia vem basicamente de carboidratos, então eles não podem cortar isso da dieta – explica Cristiane.

A dieta pode não ser uma boa opção, mas a ingestão de alimentos com propriedades detox colaboram com a limpeza do organismo. Inclua no cardápio:
• Abacaxi, maça, melancia
• Gengibre
• Aveia, linhaça, cevada e gérmen de trigo

Sucos detox para tomar ao acordar
Conforme Cristiane, o suco pode ser utilizado com o objetivo de aumentar a ingestão de líquidos, vitaminas e minerais, provenientes das frutas e folhas. Além disso, eles são uma boa fonte de fibras e uma opção para quem não gosta de ingerir frutas e verduras ao natural, ainda que as dietas líquidas reduzam o teor de fibras. 

• 1 laranja
2 folhas de couve
1 col sobremesa gengibre em lascas
1 Fatia de abacaxi
200ml água de água

• 2 folhas couve
1 maçã
1 col sobremesa de chia
200 ml de água

• 200 ml de água de coco
10 morangos
2 folhas de couve
1 col sobremesa de semente de linhaça

 

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