Dieta do ovo funciona? Entenda se emagrece e veja cardápio

Lembra quando o ovo era o vilão da saúde? Pois é, a fama dele mudou tanto que agora tem até dieta da moda com o nome dele.

Imagem: Arte/UOL

No entanto, ela não caiu nas graças dos especialistas, e isso não tem relação nenhuma com o alimento principal: “É uma dieta restritiva, sem nenhuma base científica, não dá para avaliar eficácia“, resume Andreia Pereira, nutróloga do Departamento de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein e jurada do Ranking das Dietas VivaBem.

Além disso, não é fácil de manter os resultados. Resultado: 17ª colocada no Ranking do VivaBem, entre as 26 dietas avaliadas. Entenda melhor o método:

Como funciona a dieta do ovo?

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A dieta é uma proposta hipocalórica, ou seja, oferece menos energia do que o seu corpo gasta diariamente, estimulando uma possível perda de peso. Não há exclusão do consumo de outros alimentos.

Existem variações dessa estratégia, mas, em geral, ela deve durar de 7 a 10 dias e se fundamenta no consumo de um ovo cozido antes das principais refeições. A ideia é controlar a fome e o consumo de calorias.

O ovo é pouco calórico (75 kcal a unidade), e também é considerado fonte de proteínas de alto valor biológico e de lipídios monoinsaturados (gordura boa). Contém micronutrientes importantes como zinco, vitaminas A, E e D, do complexo B, como a biotina, riboflavina e a colina, que se destacam por se relacionarem ao funcionamento de diversas ações neurológicas, como a contração muscular e a memorização.

Cardápio de um dia da dieta do ovo

Dieta do ovo 2 - iStock - iStock
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Café da manhã:

  • 1 ou mais ovos, a depender de seu peso
  • 1 porção média de frutas como laranja.

Almoço

  • 1 ou mais ovos
  • 1 pequena porção de frango ou peixe.

Jantar

  • 1 ou mais ovos
  • 1 grande porção de vegetais
  • 1 fruta, como sobremesa

Lanche

  • Opte por vegetais de baixa caloria como alface, espinafre, pepino, couve-flor, pimentão, avocado e berinjela –que está liberada para acompanhar todos os demais alimentos.

Você também pode comer:

  • Frutos do mar e sardinha
  • Frutas (com casca e bagaço)
  • Carne vermelha/Frango/Carne suína (grelhada, assada ou cozida)
  • Vegetais folhosos (verde-escuro e verde-claro, crus ou cozidos)
  • Laticínios
  • Tubérculos (consumo restrito)
  • Cereais integrais (consumo restrito)
  • Oleaginosas (castanhas, nozes etc.)

E o mais importante: faz parte dessa receita alta hidratação. Ou seja, recomenda-se a ingestão de 9 a 13 copos por dia. Além de matar a sede, o volume do líquido ajuda a controlar o apetite. Prática de alguma atividade física é aconselhável.

O que a ciência diz

De olho na disseminação de dietas populares, um grupo de pesquisadores do Departamento de Pesquisa em Envelhecimento e Geriatria, da Universidade da Flórida, resolveu fazer uma revisão de vários estudos que observaram os efeitos das dietas da moda. O trabalho foi publicado pela revista científica Nutrients.

Entre as conclusões a que chegaram, destacam-se: a maioria delas nunca foi testada em humanos e há limitada evidência de eficácia quanto à perda de peso, seja em curto ou longo prazo.

Dieta do ovo emagrece?

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O grande estudo da Universidade da Flórida respondeu positivamente a essa pergunta, ressalvando que o principal desencadeador da perda de peso é a redução do consumo de calorias. O problema é que a dieta do ovo não traz para a vida de seu praticante a imprescindível mudança de hábitos, única solução que garante o controle do peso em longo prazo.

Além disso, a dieta não considera as necessidades e características pessoais, o que também é essencial. Assim, a simples inclusão prévia dos ovos às refeições, não levará ao emagrecimento desejado. Aliás, o efeito pode até ser contrário.

Sem ajustes na quantidade e na qualidade da alimentação (em paralelo a um estilo de vida sedentário), esse item contribuirá para a adição de calorias extras e, consequente aumento de peso.

Riscos

Hábitos alimentares adequados pressupõem o consumo de todos os nutrientes necessários para o organismo. Por isso, os especialistas em nutrição insistem que você tenha um cardápio variado.

O objetivo é evitar comer os mesmos alimentos todos os dias. Afinal, em longo prazo, isso levaria a um desequilíbrio nutricional, já que você não estaria consumindo as quantidades de vitaminas e minerais que realmente precisa.

Uma preocupação especial em uma dieta como a do ovo é o colesterol. Como ela é apresentada como um projeto de curto prazo, em tese, não há razão para se preocupar, a menos que você tenha alguma restrição específica. Nesse caso, antes de colocar em prática esse plano, consulte um especialista.

Pessoas que tenham algum tipo de doença renal também devem evitá-la. O aumento do consumo de proteínas pode sobrecarregar os rins.

Vale a pena investir?

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Os especialistas são unânimes sobre o fato de que é preciso desenvolver uma visão crítica sobre o que é considerado emagrecimento saudável. Isso porque, perder peso, na analogia usada pela nutricionista Clarissa, não deve ser encarado como uma corrida de 100 metros rasos. Ela deve ser pensada como uma maratona.

Parta do pressuposto de que, toda dieta personalizada, orientada por um médico nutrólogo, endocrinologista ou nutricionista, leva à perda de 5% do peso no período de 6 meses. Quando associado ao exercício físico, pode-se até chegar aos 8,5%. E essa mudança na balança, para ser considerada segura para a sua saúde e manutenção do funcionamento normal do seu organismo, é de 1 kg por semana, ou seja, 4 kg ao mês (mas isso pode variar de pessoa a pessoa).

Mas atenção: quando os dígitos da balança caem, é importante submeter-se a uma avaliação profissional a fim de que se investigue seu real estado nutricional. O que acontece é que pode haver perda da massa magra, gorda ou líquidos. Na maioria das vezes, dietas desequilibradas em nutrientes, levam à perda de líquidos e de massa magra.

O perigo é que aliada a essa perda pode aparecer o aumento da circunferência abdominal, que revela gordura visceral, isto é, gordura acumulada dentro e em volta do fígado, rins, pâncreas.

Tais condições se relacionam ao maior risco para a hipertensão, o diabetes e doenças cardiovasculares. A conclusão a que se chega é que de nada adianta fazer temporariamente uma dieta que não se fundamenta em uma real modificação do estilo de vida.

Prós e contras da dieta do ovo cozido

A perda de peso saudável e duradoura, na maioria dos casos, envolve acompanhamento médico especializado e até medicamentos. Mas você mesmo pode avaliar os prós e contras da dieta do ovo:

Prós

  • Faz perder peso
  • Não conta calorias, nem mede porções

Contra

  • Não é personalizada e não atenderá às suas necessidades pessoais
  • Em longo prazo pode levar ao desequilíbrio nutricional
  • Caso seja praticada além do prazo indicado pode aumentar os níveis de colesterol
  • Há risco de sobrecarga renal em pessoas com problemas nos rins
  • Não garante manutenção do peso perdido
  • Pode ter efeito contrário se não houver ajuste no consumo de calorias

Reportagem: Cristina Almeida

Fontes: Clarissa Hiwatashi Fujiwara, nutricionista e membro do departamento de nutrição da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO); Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN); Ivone Ikeda Morimoto, nutricionista e professora de Nutrição Clínica dos cursos de graduação e pós graduação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), mestre em Engenharia de Produção e especialista em Metodologia da Ciência); Nayara Massunaga, nutricionista funcional do Departamento Científico da VP Nutrição Funcional (SP); Márcio Mancini, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).

Estudo: Stephen D. Anton, Azumi Hida, Kacey Heekin, Kristen Sowalsky, Christy Karabetian, Heather Mutchie, Christiaan Leeuwenburgh, Todd M. Manini,1 and Tracey E. Barnett Nutrients. Effects of Popular Diets without Specific Calorie Targets on Weight Loss Outcomes: Systematic Review of Findings from Clinical Trials. 2017 Aug; 9(8): 822. Published online 2017 Jul 31. doi: 10.3390/nu9080822.

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