Sugestões de alimentos alternativos (e nutritivos!) para a ceia de Natal

Por Edmundo Pacheco | Portal Mato Grosso

Este deve ser um dos piores natais dos últimos 10 anos. Pior até que os últimos três, exatamente pelo aprofundamento da crise econômica. Por exemplo: segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar, 33,1 milhões de pessoas não têm o que comer (sim! os dados são de 2022). E mais:  58,7% da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau: leve, moderado ou grave (saiba mais lá no final).

Se você tiver a sorte de ter um emprego formal e fizer parte dos 36,3 milhões de brasileiros (dados do IBGE) que trabalham com carteira assinada (representam 34% da população economicamente ativa) ainda pode “ganhar” uma cesta básica de presente de Natal e, talvez, uma ave chester  – a maioria das empresas formais ainda têm o costume de fazer essa “bondade” para seus empregados. Então, pronto o Natal tá garantido e não se fala mais nisso. Boas festas!

HÁ UM ANO AQUI

Mas, se você está do outro lado, entre os 71 milhões de desempregados que estão se virando como “empreendedores”, fazendo bicos, entregas, dirigindo pra aplicativo, catando recicláveis etc, então, preste atenção nas alternativas:

Falar em peru, queijos, azeitona, salame, bacalhau, panetone, tender, leitão assado e outras delícias que tradicionalmente fazem parte da ceia natalina é, no mínimo uma afronta grave. Imaginar que a pessoa não tem arroz e feijão para dar pros filhos e vai acessar uma lista de “alternativas para a ceia de Natal”, como vimos aos montes nesta época, é viver numa realidade paralela (como os acampados nas portas do quartéis).

O mais realista é falar de como transformar alimentos simples e até aquele matinho do fundo do quintal em uma iguaria. Por exemplo,  você pode incrementar os pratos fazendo farofas, saladas, molhos e até o arroz com alguns temperos a mais. Se você tiver linguiça, qualquer tipo de alimentos que possa ser picado, da para fazer um arroz especial para a ceia.

Esqueça as carnes – Mato Grosso é o principal produtor e segundo maior exportador de carne bovina no Brasil, responsável por garantir, sozinho, 16,42% da produção nacional com 1,32 milhão de toneladas; de suínos com cerca de 300 mil toneladas e 436 mil toneladas de aves -, mas nada disso é para o seu bico.

É possível fazer uma boa ceia indo ao fundo de quintal (nada de roubar a galinha do vizinho!) por exemplo, colher ora-pro-nobis. Essa planta trepadeira é altamente nutritiva: tem alto teor de proteínas, fibras, vitaminas e minerais importantes e funciona como substituta da carne
Por ter um teor elevado de proteínas, a ora-pro-nóbis é popularmente chamada de “carne de pobre”.

Vale destacar que as proteínas são fundamentais para a saúde dos músculos, ajudam na composição da pele, dos cabelos e são importantes para a imunidade. Ou seja, é imprescindível consumir esse nutriente no dia a dia! Que tal usar a ora-pro-nóbis para compor uma salada verde bem nutritiva e incrementar a ceia?

Além disso, a planta ainda faz bem para a saúde. É fonte de fibras, sendo importante para a saúde do sistema digestivo, tem propriedades detox, anti-inflamatórias e cicatrizantes, fortalece a imunidade, pois é fonte de vitaminas A, C e do complexo B, é fonte de cálcio, ferro e fósforo e por aí vai.

Em vez do café como conhecemos, e cujos preços estão proibitivos, você pode colher e torrar semente de fedegoso. O fedegoso é uma planta medicinal também chamada de café negro, balambala, mangerioba, entre outros nomes. A bebida tem efeito laxante, diurético e anti-inflamatório, e pode ser utilizada para ajudar no tratamento de problemas gastrointestinais.

O chá pode ser substituído pelo chá de folha de tarumarana e de guanandi ou  casca de capitão. Fica igualzinho e você encontra em qualquer fundo de vale; a castanha e a polpa do acuri ou bacuri (palmeira, não a árvore da Amazônia) são comestíveis. Então, já temos aquele palmito pra incrementar a salada de alface.

Há dezenas de plantas, muitas originaiárias aqui mesmo da região amazônica e outras “importadas” que, caso você não encontre, pode cultivar no fundo de casa, como a Peixinho-da-horta (Stachys byzantina), que tem folhas macias e aromáticas, muito gostosas quando empanadas e fritas. Ele tem o sabor e textura do peixe frito, o que fez com que ganhasse esse nome popular: peixinho.

A azedinha (Rumex acetosa) que dizem já vem “temperada de fábrica” e pode ser consumida crua, sem nenhum condimento para realçar seu sabor. Possui gosto ácido e intenso. Ela é uma verdura ancestral, consumida desde a antiguidade por gregos, romanos e egípcios. Nativa da Europa e Norte da Ásia, é comumente comercializada em alguns mercados europeus. Suas folhas são de um frescor inigualável!

A dália é um ícone dos jardins, cultivada em canteiros a pleno sol para fins ornamentais. O que muita gente não faz ideia, é que suas raízes são comestíveis (como se fosse uma batata ou cará) e você ainda pode preparar uma geleia deliciosa com as pétalas.

Então, há muitas alternativas, basta fazer os alimentos com amor e criatividade. O mais importante, no final das contas é reunir a família e comemorar o nascimento de Cristo, em paz e harmonia.

Boas festas!

 

SAIBA MAIS

O  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia)classifica insegurança alimentar em 3 níveis:

Leve: quando houve a queda na qualidade dos alimentos consumidos e há preocupação com o acesso a alimentos no futuro.

Moderada: quando há restrição no acesso aos alimentos, isto é, na quantidade que é consumida.

Grave: quando há escassez de alimentos para todos os indivíduos de uma família, chegando até mesmo à condição de fome.

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