Você não é todo mundo! | Espiritualidade e bem-estar

No último domingo, comemoramos o Dias das Mães e vimos uma séries de postagens com as frases mais ditas por elas: “quando chegar em casa, a gente conversa”, “só vou falar uma vez” e outras. Ao ler essas homenagens, notei uma que vou começar a usar no consultório: “você não é todo mundo”!

Isso porque vários pacientes já chegam com a prescrição na cabeça, desejando fazer dieta low carb, detox, cetogênica ou jejum intermitente e, quando questiono a razão, a resposta é unânime: “fulano fez e emagreceu horrores, e eu quero também”.

Antes de qualquer decisão, explico aos pacientes que, para elaborar uma estratégia de emagrecimento, são necessárias etapas de construção de uma prescrição. Tudo começa com o envio de um questionário pré-consulta, com mais de vinte perguntas sobre os objetivos, sinais e sintomas, hábitos alimentares, uso de medicamentos, horário das refeições, qualidade do sono, histórico clínico, estilo de vida, funcionamento do intestino, etc. Na consulta presencial, mais informações completam esse questionário: alimentação aos finais de semana, ingestão de água e bebidas alcoólicas e atividade física. São realizados também o exame clínico, análise da composição corporal e análise bioquímica e comportamental do paciente.

Essas respostas servem de subsídio para construir uma prescrição assertiva e eficiente. Muitas vezes, o plano alimentar não é o foco da primeira consulta, sendo importante modular o intestino para uma microbiota mais saudável, regular o ciclo circadiano, que é nosso relógio interno de 24 horas sobre o qual se baseia o funcionamento do cérebro e do organismo. Tanto a microbiota intestinal quanto a qualidade do sono têm impacto direto na obesidade.

Um dos fatores mais importantes para o sucesso no tratamento é a adesão do paciente. A nutricionista clínica Renata Giudice, de São Paulo, que trabalha há mais de sete anos com dieta low carb e tem adotado ferramentas da genômica nutricional para auxiliar na tomada de decisão, diz que nem sempre essa estratégia é a mais indicada: “tenho um paciente que fez low carb, emagreceu mais de 30 quilos porém estava infeliz, não se sentia bem comendo muita proteína e gordura saturada. Mudamos a estratégia para uma alimentação convencional, com restrição calórica, porcionamento correto e voltou a emagrecer de maneira mais prazerosa e eficaz”. Ela ressalta que, neste caso, o paciente tinha mais facilidade para acumular gordura periférica, um perfil determinado geneticamente e, dessa maneira, seria mais conveniente focar na promoção de um déficit calórico, independentemente da estratégia. Além disso, as mutações que ocorrem em determinados genes podem facilitar o acúmulo de gordura e dificultar a mobilização dos adipócitos no emagrecimento. Giudice salienta que a low carb pode beneficiar mais os pacientes com síndrome metabólica, pois tem uma repercussão importante na redução dos níveis de insulina. Já para pacientes que não tem gordura visceral, com insulina baixa ou lipedema, esse tipo de alimentação pode não ser a mais indicada.

As redes sociais contribuem para a popularização das dietas da moda, postagens com “antes e depois” atraem usuários com ofertas de apostilas com receitas fitness, programas de detox ou chás e sucos milagrosos. O Conselho Federal de Nutricionistas proíbe a divulgação de resultados de pacientes porque não podemos garantir a mesma evolução para todos. É comum planejarmos uma estratégia baseada na individualidade do paciente e, depois de um mês de adesão, não ter mudança. O que eu falo a eles: “vamos recalcular a rota, redefinir a estratégia porque cada corpo tem uma resposta diferente e é impossível prever os resultados”. Isso quer dizer que pode não adiantar ficar 20 dias comendo carne e gordura como fez a Kim Kardashian para entrar no icônico vestido da Marlyn Monroe no MetGala. Você pode perder tempo e prazer, mas não quilos.

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