Como certas práticas de bem-estar colocam em risco você e o planeta – Revista Galileu

O lado tóxico do bem-estar (Foto: Francesca Gastone)

Na virada de 2019 para 2020, estabeleci uma meta: no novo ano que se aproximava, iria me sentir bem. Evidentemente, eu nem cogitava o surgimento de um vírus que viraria nossas rotinas de cabeça para baixo. Depois de três anos tomando antidepressivos, ansiolíticos, testando as mais variadas vertentes de psicoterapia, acupuntura e reiki, eu só queria experimentar o que via no meu feed do Instagram. Sei que muito daquilo não é verdade, mas como seria viver um dia inteiro sem dor de cabeça? Como seria acordar com disposição para correr cinco quilômetros antes das 7h? Aliás, como seria acordar antes desse horário?

Então, marquei uma consulta com minha médica acupunturista, que se orgulhava de praticar medicina integrativa, para entender o que eu deveria fazer a fim de me sentir bem. A medicina integrativa tem como principal objetivo “atuar nas causas das doenças, olhando para o paciente de forma mais humana e menos intervencionista, visando promover o bem-estar e a qualidade de vida”, segundo a definição do site da própria médica que me atendia. Mas essa não é uma especialidade como as outras que conhecemos.

“Diferentemente da cardiologia ou da nutrologia, que têm órgão regulador, essa é uma forma de fazer medicina”, explica a médica nutróloga Esthela Oliveira, especializada em medicina integrativa pelo Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. “Todas as especialidades médicas podem usar a integrativa na sua base, porque é um conceito de ter um olhar mais amplo para o paciente, enxergá-lo como um todo.”

Saí do consultório da minha médica R$ 600 mais pobre, com seis tubos de sangue a menos (exames que mediriam desde taxas básicas de açúcar até a presença de doenças das quais nunca tinha ouvido falar), receitas para suplementos de vitamina (que fizeram a conta final superar os três dígitos) e umas quatro páginas de recomendações de alimentos que eu deveria cortar da dieta. Mesmo assim, estava decidida e me apegava ao “não custa tentar”.

Mais ou menos na mesma semana em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de Covid-19, comecei a tal dieta. Não me pergunte como, mas consegui passar o primeiro mês de isolamento social sem glúten, sem açúcar e sem álcool (a lista ia longe, mas esses foram os mais difíceis). Daí para começar a experimentar chás que prometiam me desintoxicar, máscaras para o rosto que me deixariam revigorada e óleos essenciais para relaxar, foi um pulo.

E assim, talvez por caminhos não tão óbvios, virei mais uma vítima das tendências de bem-estar, ou wellness, para usar o termo em inglês mais conhecido — uma indústria que movimenta US$ 4,5 trilhões no mundo, segundo o Instituto Global de Wellness.

Minha relação com esse estilo de vida não durou muito. Quando o mês acabou e tudo o que eu mais sentia era vontade de comer as quatro páginas de alimentos proibidos, entendi que não haveria soluções milagrosas para que me sentisse bem. E que talvez eu simplesmente deveria aceitar que nunca vou conseguir acordar às 7h para correr (até porque, sendo sincera, nunca fui adepta da corrida). Mas não usei as palavras “vítima” e “tendência” no parágrafo anterior por acaso: cada vez mais pessoas têm questionado se nossa busca por bem-estar não virou uma obsessão arriscada.

Nos últimos meses, as críticas inundaram até o mundo do entretenimento. Da série Nove Desconhecidos, em que Nicole Kidman interpreta uma guru de bem-estar que droga os participantes de seu spa sem o consentimento deles, ao novo álbum da cantora Lorde, Solar Power, a cultura pop vem alfinetando algumas dessas tendências. “Garotas, comecem suas salvações ao Sol, transcendam em suas meditações, vocês podem queimar sálvia, eu vou limpar os cristais”, ironiza a cantora neozelandesa em Mood Ring. “Estou tentando ficar bem por dentro, plantas e notícias de celebridades, todas as vitaminas que eu consumo, vamos voar para o Oriente, eles vão ter o que eu preciso”, continua a letra.

O lado tóxico do bem-estar (Foto: Francesca Gastone)

O lado tóxico do bem-estar (Foto: Francesca Gastone)

Mas a verdade é que o desejo de se sentir bem é inerente à humanidade. “O que mudou nas últimas décadas foi a procura pelo bem-estar imediato, o tempo todo querer algo que gere prazer. E aí tem um lado da demanda, das pessoas procurando por esse bem-estar, e o da oferta, de uma indústria que captou a tendência, mas a amplificou e aprofundou”, observa o sociólogo André Salata, professor da pós-graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). “E essa indústria promove a promessa de um bem-estar que não demanda sacrifícios.”

É aí que mora o perigo, na visão de Salata. Ao acreditar nas promessas e, finalmente, perceberem que não conseguiram alcançar o tão sonhado bem-estar, as pessoas se frustram. “Nesse desencontro, vemos uma ressaca do wellness”, observa o sociólogo. Essa ressaca vai além do gasto com produtos tão inofensivos quanto inúteis, e tem efeitos sociais, culturais e até mesmo ambientais.

Um conceito amplo

Os problemas começam na definição do que seria “bem-estar”. “Ele não existe do ponto de vista absoluto, é uma construção social”, defende o professor da PUCRS. De acordo com o Instituto Nacional de Wellness dos Estados Unidos, bem-estar é um processo consciente, autodirecionado e em constante evolução para alcançar o potencial completo.

Nesse processo, vale tudo: de acupuntura e medicina ayurvédica a alimentos e temperos como couve, quinoa e cúrcuma, passando por agendas para acompanhar a movimentação planetária, máscaras faciais que prometem o rejuvenescimento da pele e cristais para equilibrar a energia do corpo. A questão é que, entre todos esses modismos, há práticas para as quais já existem evidências científicas e outras que podem ser consideradas pseudociência.

Nem o Sistema Nacional de Saúde brasileiro, o SUS, escapou dessa moda. Em seu rol de práticas integrativas e complementares, política oficializada em 2006 com aprovação unânime do Conselho Nacional de Saúde, há tanto métodos com eficácia científica comprovada para o gerenciamento do estresse, como yoga e meditação, quanto outras sem embasamento: imposição de mãos (que visa restabelecer o equilíbrio do “campo energético” humano), apiterapia (que usa produtos derivados de abelhas para fins terapêuticos) e constelação familiar (método psicoterapêutico que busca reconhecer a origem dos problemas de um indivíduo em membros da família). Essa última ultrapassou fronteiras da saúde e chegou ao Judiciário, que usa a constelação familiar para solucionar conflitos.

“Ele [bem-estar] não existe do ponto de vista absoluto, é uma construção social””

André Salata, sociólogo e professor de pós-graduação em Ciências Sociais na PUCRS

Para o jornalista Carlos Orsi, fundador do Instituto Questão de Ciência, o rótulo vago seria um modo de burlar a regulamentação das agências sanitárias. “Para prometer que seu produto vai trazer benefícios à saúde, é necessário ter autorização da agência regulatória, e para obter a autorização é preciso provar que funciona”, explica. “É um rótulo mercadológico para entrar nas entrelinhas, driblar a letra da lei para não serem enquadrados em charlatanismo.”

Embora concorde que nenhum produto vai resolver a vida de alguém e que existem várias categorias de bem-estar, a publicitária Nicole Vendramini acredita que existem, sim, hábitos que podem ajudar as pessoas a se sentirem melhor. “A gente nunca esteve tão avançado do ponto de vista de ciência ocidental e tradicional, mas nunca tão doente como sociedade. Alguma coisa não está funcionando”, avalia Vendramini. Foi esse pensamento que a levou a criar, em 2019, a Holistix, marca brasileira que se propõe a “ajudar as pessoas a criarem bons hábitos e a gostar deles” e que aposta na “ciência da criação de hábitos e vida saudável”.

Entre os itens que ajudariam nesse processo estão: raspador de língua (carro-chefe da marca), óleos essenciais, misturas para bebidas e objetos de papelaria. “Nossos produtos são só a pontinha da história, porque somos uma empresa e precisamos de dinheiro para nos sustentar”, pondera Nicole, que assegura: “A gente se inspira na ciência ancestral, mas só traz soluções que sejam ancoradas na ciência moderna.”

De fato, existem milhares de artigos relacionados ao bem-estar. Digite “wellness” no buscador do PubMed, plataforma que reúne publicações científicas do mundo todo, e você vai se deparar com mais de 200 mil resultados. E isso só na parte de ensaios clínicos, aqueles que envolvem voluntários para determinar a segurança e a eficácia de intervenções de saúde. O número desses ensaios saltou de 3.151 no ano 2000 para 18.097 em 2020.

O problema é que esses trabalhos são, em sua maioria, muito específicos e feitos com poucos participantes, quando não inconclusivos ou sem a constatação de alguma eficácia. Por exemplo, um estudo randomizado para testar os efeitos de um extrato de sálvia, alecrim e melissa na memória, feito com 44 indivíduos, identificou que a mistura é mais eficaz do que placebo para pessoas saudáveis com menos de 63 anos.

Outro, feito com 48 pacientes que sofriam com cólicas menstruais, considerou que a massagem com óleos aromáticos reduziu a duração da dor “significativamente” de 2,4 dias para 1,8. Não é suficiente para extrapolar para todo mundo, certo?

Tampouco há evidências clínicas sobre os efeitos de cristais na nossa saúde, assim como dietas detox e sal rosa do Himalaia (que, aliás, nem do Himalaia é, e sim de uma região do Paquistão a centenas de quilômetros da famosa cordilheira). “Tem esse lado do pessoal que fica jogando com o sentido técnico e metafórico das palavras, na esperança de que o consumidor não vá notar, e o dos que até têm alguma base, mas extremamente iniciais, uma base científica muito tênue, e aí já extrapolam”, comenta o fundador do Instituto Questão de Ciência. “É possível que alguns desses suplementos tragam algum benefício? É concebível. Mas daí para o comprovado é uma distância enorme. Em um pratinho de laboratório, até um lança-chamas mata células de câncer”, ilustra Orsi.

Aquela garota

O lado tóxico do bem-estar (Foto: Francesca Gastone)

O lado tóxico do bem-estar (Foto: Francesca Gastone)

A ressaca do wellness não é só científica. Mais do que confundir a população sobre o cuidado com a própria saúde, a infinidade de terapias, técnicas, produtos e até coaches que prometem guiar o indivíduo em uma jornada rumo ao bem-estar traz prejuízos emocionais. Com tantas opções, parece que só não é feliz quem não quer — como relatei no início deste texto, eu mesma já caí nessa.

“É possível que alguns desses suplementos tragam algum benefício? É concebível. Mas daí para o comprovado é uma distância enorme””

Carlos Orsi, fundador do Instituto Questão de Ciência

Em The Odd One In (“O Estranho na Moda”, em tradução livre, sem edição no Brasil), a filósofa Alenka Zupancic escreveu que, na sociedade atual, o bem-estar teria virado uma espécie de termômetro moral: aqueles que não estão bem são considerados inferiores ou maus. “O bem-estar como produto é algo novo, passa a impressão absolutamente opressiva de um checklist que você precisa fazer para chegar lá”, diz o psicólogo Alexandre Coimbra, autor de A exaustão no topo da montanha, lançado em setembro de 2021 pelo selo Paidós da editora Planeta. “É mais uma coisa que precisamos performar em uma sociedade marcada por performar para os outros. Diante de vidas tão diferentes, querer normatizar parâmetros de bem-estar é a massificação da subjetividade, é criar culpa e competitividade entre as pessoas.”

Um dos resultados seria o que os autores Carl Cederström e André Spicer chamaram de síndrome do wellness. No livro The Wellness Syndrome (lançado em 2015 e sem edição no Brasil), eles explicam que quando o bem-estar passa de uma ideia geral de se sentir bem para algo que precisamos fazer a fim de “viver de verdade” e corretamente, ele ganha um novo sentido. “Vira uma demanda impossível que reconfigura a maneira como vivemos nossas vidas”, escrevem os autores. “Rastrear obsessivamente nosso bem-estar, enquanto buscamos continuamente novas formas de automelhoramento, deixa pouco espaço para viver.”

Do ponto de vista individual, essa obsessão pode ter o efeito contrário: em vez de se sentir bem, o indivíduo acaba desenvolvendo transtornos de identidade corporal, de alimentação ou se torna ainda mais ansioso. Segundo Coimbra, um dos parâmetros para saber se a busca por bem-estar foi longe demais está nas restrições que impomos a nós mesmos em prol de metas muitas vezes inatingíveis. “A cultura do wellness pede que você seja perfeccionista, e sempre que você está envolvido nessa dinâmica, entra em exaustão”, explica o psicólogo. “É muito comum vermos o aumento de consumo de álcool ou outras substâncias em pessoas obcecadas com esse formato de vida. A busca pela perfeição sempre esbarra em alguma imperfeição.”

Os efeitos negativos se estendem para a sociedade como um todo. Em tempos de redes sociais, a tendência de wellness não só é solidificada como amplificada — há determinados padrões que tendem a ganhar mais relevância e alcance do que outros no universo dos algoritmos.

Basta ver o meme “that girl” do TikTok. Em tradução livre, trata-se “daquela garota” que todos deveriam desejar ser. E quem é ela? Uma jovem que supostamente tem o controle da sua própria vida, com uma complexa rotina matinal, dieta regrada, apartamento impecavelmente limpo e organizado, roupas de ginástica sem marcas de suor e um corpo alto, magro e, de preferência, branco.

“O bem-estar como produto é algo novo, passa a impressão absolutamente opressiva de um checklist que você precisa fazer para chegar lá””

Alexandre Coimbra, psicólogo e autor de A exaustão no topo da montanha

“A gente está vivendo essa métrica o tempo todo, é uma estrutura, uma espécie de quantificação do olhar, mas que diz muito para a construção de autoimagem”, explica Alexandre Coimbra. “Isso interfere na autoestima profissional, relacional e na construção de relacionamentos íntimos.”

A tradição como produto

A construção da cultura do wellness traz complicações ainda mais profundas. Uma delas, como já apontou Lorde em sua canção, é a apropriação cultural feita por muitos desses produtos e terapias, que não raro usam o “exótico” só como estratégia de marketing. O termo apropriação cultural, que vem sendo usado à exaustão nos últimos tempos, pode parecer esvaziado de sentido quando o assunto é bem-estar.

Mas conforme explicou Kwame Anthony Appiah, professora de filosofia e direito na Universidade de Nova York, em sua coluna sobre ética no jornal The New York Times, o problema não é se inspirar em moda, comida, linguagem e tradições de outras culturas. A questão é ignorar o contexto das tradições, reduzindo-as a um produto para capitalizar em cima delas.

Mais do que se perguntar se você pode ou não usar um Gua Sha para cuidar da pele (acessório de pedra que visa o relaxamento muscular, usado originalmente por culturas ancestrais chinesas) ou tomar um chai (bebida de origem indiana) depois de meditar, o importante é entender se isso pode ser desrespeitoso ou contribuir para a opressão contínua de um grupo historicamente oprimido. É pensar, por exemplo, se aquele costume seria aceito ou bem-visto caso partisse do grupo étnico que o criou.

É preciso entender também os efeitos que a demanda repentina provocada pelo modismo pode ter naqueles de onde a tradição advém. Um dos casos mais emblemáticos é antigo: o da quinoa. Considerada um superalimento por seu alto teor de proteínas e fibras, a semente cultivada há milênios por povos originários da América do Sul caiu nas graças dos adeptos de dietas fit. Entre 2007 e 2012, a demanda cresceu 300%, a ponto de a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) declarar que 2013 foi o ano internacional da quinoa.

O lado tóxico do bem-estar, ilustração (Foto: Divulgação)

O lado tóxico do bem-estar, ilustração (Foto: Divulgação)

Ocorre que esse aumento elevou os preços a ponto de as populações locais de países como Peru e Bolívia, que tinham na semente uma opção saudável e barata de alimento, não conseguirem mais comprá-la. E, diante do potencial econômico, trabalhadores rurais passaram a cultivar a quinoa em larga escala, gerando consequências ambientais como erosão do solo e desertificação.

Desde então, diversas iniciativas surgiram para tentar corrigir o problema: de incentivos fiscais para diferentes cultivos à introdução de tecnologias destinadas à produção em outras regiões, além da conscientização dos consumidores sobre a importância de conhecer a origem do alimento. O cultivo de quinoa hoje é visto como uma importante fonte de renda para comunidades bolivianas e peruanas.

“Não acho que quem explora essas coisas está com um plano para destruir culturas originárias, mas é um risco, pois cria um incentivo para a produção predatória”, opina Carlos Orsi, do Instituto Questão de Ciência.

Recentemente, outra tendência de wellness começou a chamar a atenção por seus impactos socioambientais nocivos: os cristais. Queridinhas de celebridades como Kim Kardashian, a cantora Adele e a atriz Gwyneth Paltrow (cuja polêmica marca de bem-estar vende produtos como um “colar de cristal curativo” por US$ 550), as pedras ganharam status por supostamente conectarem quem as usa com as energias profundas da Terra.

Mas esses objetos já vêm sendo considerados “diamantes de sangue” por causa da exploração provocada pela tendência — além de não serem recursos renováveis, a mineração em geral envolve trabalhos mal pagos e inseguros nas regiões mais pobres de países como Mianmar, Congo e do próprio Brasil. E mais: ao contrário da quinoa, os benefícios para a saúde e o bem-estar dos cristais são puramente místicos.

Estar bem na vida real

Essas informações podem ser desanimadoras e você talvez se pergunte: é impossível se sentir bem? A resposta é que é muito mais fácil do que a indústria nos leva a crer. “A gente tem uma tendência a polarizar a coisa, antes era só ciência, ciência, doença, doença. Agora está indo para um caminho que tudo é paz e amor demais, meditação demais, os dois extremos são preocupantes”, observa a médica Esthela Oliveira. “O segredo está na vida real.”

E a vida real é feita de altos e baixos. “A gente nunca vai deixar de sentir angústia, nunca vai chegar a esse estado de plenitude de bem-estar em que esteja de boa”, pontua Coimbra. A angústia, na visão do psicólogo, é fundamental justamente para mostrar a nós mesmos o que precisamos desenvolver e cuidar. “Devemos entender que não conseguimos fazer tudo ao mesmo tempo na vida, tudo bem ter algumas gavetas desorganizadas.”

Ao aceitar os momentos de desorganização interna e ressignificar a amplitude do conceito de wellness para o que cabe em nossa realidade, passamos a olhar para nós mesmos dentro de nosso próprio contexto, em vez de querer nos adaptar a ideais impostos por terceiros. “Essa indústria não vai parar, ela é muito lucrativa e ganha bilhões com isso. A única saída é construir uma consciência de si e se envolver em uma comunidade que nos veja do jeito que somos”, pontua Alexandre Coimbra. O bem-estar, ele conclui, é se sentir pertencente.

Minha breve experiência quase obsessiva por wellness me obriga a concordar. Naquele mês de dieta rigorosa, o que fez eu me sentir realmente bem não foram a exclusão do glúten ou do açúcar nem as atividades físicas quase diárias, muito menos as dezenas de produtos que passei na pele. Foram os momentos em que eu e minha mãe experimentamos receitas novas, em nosso restaurante particular que apelidamos de very delicious (ou “muito delicioso” em inglês, em uma ironia involuntária com todos os modismos importados) ou dançando zumba na garagem. Descobri, afinal, que o bem-estar de verdade não precisa dar ressaca.

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