Melhor dieta para começar o ano | Receita de Médico

Fala-se sempre que depois do carnaval começa o verdadeiro ano letivo, e junto com ele o projeto de perder peso. Neste ano, esse objetivo será especialmente desafiador. Afinal, além das tradicionais festas de fim de ano, as férias e o atraso na data do carnaval, estamos saindo de dois anos de reclusão. Os primeiros quatro meses de 2022 foram dedicados à socialização e à confraternização. Agora vem a pergunta — qual a melhor dieta a ser feita?

Em janeiro, a U.S. News and World Report anunciou que, pelo quinto ano consecutivo, a dieta do Mediterrâneo foi eleita a melhor. Essa escolha é baseada não só nos resultados para perda e controle do peso, como nos efeitos benéficos sobre o sistema cardiovascular e níveis glicêmicos. Obviamente não precisamos nos adaptar a um perfil alimentar de uma outra região ou povo. Analisamos os princípios dessa dieta e observamos que ela é baseada na ingesta maior de grãos, frutas, legumes, verduras e carnes magras. Evita-se principalmente açúcares e excesso de carboidratos refinados, produtos ultraprocessados e ricos em gordura. Destaque-se que não existe uma orientação proibitiva de um produto ou grupo alimentar, mas uma orientação de qualidade, quantidade e frequência.

O Brasil, de forma pioneira e inovadora, atualizou em 2014 seu Guia Alimentar para a População Brasileira* criando um instrumento não prescritivo para incentivar a promoção de práticas alimentares saudáveis e sustentáveis, que consideram os impactos social, cultural e ambiental, e orienta nosso olhar para a qualidade alimentar, usando como modelo um quinto dos brasileiros identificados na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009 com 85% ou mais da sua ingesta vinda de alimentos in natura ou minimamente processados, como o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e com parâmetros similares à dieta do Mediterrâneo. Nosso Guia se tornou uma referência para outros países que se encontram em fase de discussão para o desenvolvimento e atualização de seus guias.

É imperativo olharmos para essa proposta e compreender que esse caminho requer mudanças de hábitos e organização pessoal. É o momento em que ficamos mais suscetíveis a um projeto mais simples e imediato. Nesse âmbito, encontramos várias outras dietas tentadoras e com propostas milagrosas. Optamos pela lei do mínimo esforço imaginando que seguir um “detox” de alguns dias ou aplicar um “soro” é o caminho mais adequado para normalizar o peso e as alterações metabólicas.

Engana-se quem acredita que jejuar, cortar determinado grupo alimentar ou se restringir a um determinado produto tem a garantia de atingir índices saudáveis. A ideia do caminho mais fácil e curto não traduz resultados duradouros e benéficos. Muito pelo contrário, aumentamos os riscos de transtornos alimentares, déficits de vitaminas e proteínas, a perda óssea e muscular, além das chances de se tornar o famoso ioiô com prejuízo no metabolismo e maior ganho de massa gordurosa.

Já vemos há considerável tempo esse movimento repetitivo de criação de uma “dieta da moda”. Muda-se o nome, mas a proposta sempre carece de cunho científico e não fornece qualquer sustentabilidade. Na realidade o objetivo é mais voltado para o lucro financeiro de quem cria do que para o ganho de saúde de quem a segue.

Neste contexto, muito mais importante do que se perguntar qual a melhor dieta, seria tentar aprender a comer. Entender as recomendações, os limites, as combinações alimentares e a necessidade fisiológica que muitas vezes se confunde com sentimentos. Em vez de buscarmos uma mágica alimentar, o caminho é investir no aprendizado e desenvolvimento da capacidade de organizar um dos maiores remédios para uma vida longa e saudável: nossa alimentação.

*(disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf)

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